quinta-feira, 20 de maio de 2010

Espiritualidade: imposição ou escolha?


O ser humano dominado por forças incompreensíveis que fogem às leis naturais da vida concreta, atravessa ao longo dos séculos, questionamentos e dúvidas sobre valores espirituais e fé. Sabe-se que até o século XVIII o homem estava irremediavelmente ligado à Igreja, não somente pela crença na existência de um “deus” único, porém pela imposição de que ele é real e somente os que o temiam – na forma da Igreja – poderiam alcançar a libertação para os seus pecados.
Felizmente a partir da II Guerra Mundial (conforme Veja 06/2002), ocorreu uma significativa transformação do pensamento do homem, o qual passou a priorizar o seu direito de escolha, independente desses valores religiosos, haja vista, repressores. E à medida que tais preceitos foram sendo abandonados, a consciência retomou certa sensação de liberdade, todavia, com ela também surgiu grave instabilidade emocional, que a Igreja Católica intitulou “Mea culpa”.
A grande maioria das pessoas na sociedade moderna encontram-se em estados deprimentes de insegurança, medo e depressão. De acordo com as jornalistas Ana Paula Buchara e Rosana Zakabi (em reportagem, Veja 06/2002), que realizaram pesquisas sobre o assunto, afirmam que essas pessoas se sentem culpadas por seu afastamento da família, pela falta de tempo, ausência do lar, pela infidelidade, insatisfação sexual e principalmente, por infringirem regras de princípios religiosos, chamados comumente de “os sete pecados capitais”, notadamente assunto de grande polêmica religiosa e discutido pela sociedade em geral, tendo sido inclusive tema de telenovela da mídia.
Certa vez afirmou João Guimarães Rosa, escritor da literatura modernista brasileira (místico e ateu), que “o homem necessita acreditar numa força sobrenatural, visto que é isso que lhe dá esperança e fé diante de uma vida massacrante”. Necessariamente, portanto, o indivíduo “precisa” acreditar que não é sozinho no universo, desde que esses valores espirituais formem uma afirmação de seu “livre arbítrio” e não fruto de imposições ou o seu abandono um gerador de culpas e dilemas morais.
Maria Marcilene Vieira de Jesus Pereira

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